por Leo Massarelli, CCO da Questtonó
Dando continuidade as reflexões relacionadas à transformação digital, aproveito o momento para mais um artigo. O tema que quero trazer dessa vez trata de uma outra transformação, quiçá ainda mais profunda: a ressignificação do trabalhar, do espaço de trabalho e das relações entre empresas, pessoas e o mundo.
Em meio a pandemia que nos assola, fomos forçados a adotar novos comportamentos, entre eles o tal do home office. Décadas de receios sobre essa forma de trabalhar foram desmanteladas em pouquíssimos dias. E nesse cenário, os aprendizados e as oportunidades de inovação são enormes.
A volta ao “normal” dos escritórios requer cuidado com distanciamento social no curto prazo, porém a adoção do home office e seus muitos efeitos positivos veio para ficar, mesmo que ainda cercado de dúvidas sobre como operacionalizar a nova realidade.
Para facilitar esse processo, lançamos o WHERE, um serviço digital para a gestão de pessoas e postos de trabalho. A startup ganhou vida em tempo recorde, consolidando nosso posicionamento como uma consultoria híbrida entre estratégia e execução, resultado da fusão entre a Questtonó, e todo o seu know how de inovação e design, e a Bolha, um hub criativo especializado em tecnologia.
Ao longo de 4 semanas, imersos em uma metodologia de aceleração da inovação proprietária da Questtonó, construímos um serviço digital que tem como propósito ressignificar os espaços de trabalho, dando maior autonomia, segurança e conforto aos colaboradores, enquanto facilita a gestão e a redução de custos operacionais para as empresas que pretendem adotar o home office, ainda que parcial, em suas rotinas.
O WHERE aposta na gestão inteligente de postos de trabalhos e salas de reunião a partir de um aplicativo e um painel de controle que permite a seleção de postos de trabalho e a visualização da ocupação do escritório.
Você pode conhecer mais sobre a iniciativa aqui. Quem sabe a ferramenta poderá auxiliar, também, a sua empresa nesse processo.
Enfim, a reflexão é sobre o potencial impacto positivo que a adoção de uma tecnologia centrada no ser humano como essa oferece. O quão transformador isso é para as pessoas, empresas, espaços de trabalho e até para a cidade?
Vamos pensar em alguns dados.
É estimado que o custo médio do m2 em São Paulo é R$112,00.Tendo em vista as questões ergonômicas e o aproveitamento do espaço, cada indivíduo de uma empresa dispõe, em média, de 8 m2 em cada escritório.
Segundo pesquisa recente relacionada ao consumo energético de escritórios (equipamentos, iluminação e climatização constante) realizada em São Paulo, o consumo de energia por pessoa ao mês, levando em consideração a proporção dos 8m2 utilizados é de 63 kWh.
Mas vamos simplificar o racional: Se somarmos o custo médio de locação por m2, o gasto de energia por pessoa e mais uma redução de 50% no transporte de pessoas para empresas que adotam sistema flexível de home office, existe uma potencial redução de custo de R$ 1090,00 por posto de trabalho. Esse número tende a ser maior se incluirmos aí manutenção predial e outros gastos indiretos com o escritório físico.
Mas o que isso significa na prática?
Diferentes empresas já começaram a perceber o potencial do home office, e estão unindo o útil ao agradável. Ao entender que o trabalho remoto supre as demandas de grande parte das entregas esperadas por seus funcionários, marcas estão acelerando a adoção de políticas de home office e indo além; a partir da adoção dessa nova política, ressignificam os seus espaços de trabalho, e consequentemente reduzem os seus custos.
O Banco do Brasil decidiu entregar 38% de sua metragem quadrada de escritórios, algo em torno de 290 mil m2 e com isso, a redução de custos potencial é de R$ 185MM/ano.
“De acordo com o vice-presidente corporativo do BB, Mauro Ribeiro Neto, o programa internamente apelidado de Flexy, que previa a modernização dos escritórios da instituição, estava sendo estruturado desde 2019, mas ganhou novo significado e mais velocidade durante a pandemia. O executivo diz que o banco, a exemplo de milhares de outras empresas, foi obrigado a testar o modelo remoto. A avaliação foi de que os resultados foram positivos e deixaram a proposta de transformação de espaços corporativos ainda mais ousada”…. – Leia mais
Outra pesquisa, realizada pela Cushman&Wakefield com lideranças de 122 grandes empresas, e divulgada pelo Infomoney, também reforça essa tendência.
“A Cushman também mostra que 45% dos entrevistados vão reduzir o espaço físico pós-crise, sendo que 30% fará isso devido à experiência de sucesso com o home office implementado temporariamente durante a crise e outros 15% farão isso por causa dos efeitos econômicos gerados pela pandemia.“- Leia mais
Mas quais serão as consequências reais dessa transformação, não somente na redução de custos das empresas? Aqui estão algumas delas que me chamam a atenção.
Para o espaço
A dinâmica das relações que se estabelecem a partir de lógicas espaciais podem ser completamente renovadas. Escritórios antes “insalubres”, com pessoas apinhadas, podem ter seus merecidos respiros. Escritórios bacanas, mas que não tinham espaços de colaboração adequados, ganham alternativas para o uso mais eficiente do espaço. Quem nunca chegou em um escritório super cool, mas que não tinha uma sala de reunião e de trabalho coletivo disponível?? Com isso, o espaço de trabalho ganha uma dimensão social muito maior.
O papel do espaço físico de uma marca torna-se um símbolo de seu propósito e, sobretudo, da união a facilitação pelo encontro.
Para o indivíduo
Com espaço mais adequado e respeitoso, o indivíduo ganha maior motivação. Com profissionais motivados, as empresas ganham mais fidelidade e engajamento de seus colaboradores. Com maior autonomia, às pessoas equilibram melhor suas vidas pessoais e profissionais, tendo opção de escolha sobre onde e quando trabalhar. O resumo é uma sociedade mais equilibrada, feliz e empresas mais produtivas.
Para a cidade
Quantos milhões de pessoas poderiam deixar de circular diariamente nas ruas da cidade com essa transformação em massa na forma de trabalho? Falamos tanto de smart cities, imaginamos sensores, big data, etc, mas esquecemos, as vezes, que “smart” mesmo é mudar a causa das coisas. Em um contexto onde majoritariamente usamos carros sozinhos para ir e vir ao escritório, todos no mesmo horário, qual o impacto que essa transformação pode ter?
Enfim, pequenos passos, mas grandes transformações. Assim entendemos os efeitos da inovação quando sistêmica. Um elo é capaz de mudar todo o sistema. Essa é a transformação que eu particularmente estou muito interessado. Uma relação “ganha, ganha”, com real valor para empresas e pessoas.